Você tem vergonha de mostrar sua arte?


Print Alfredo - O Urso Polar
Na foto: Print Alfredo - O Urso Polar

É uma tarde de domingo. Almoço em família, daqueles que você pressente que de longe que estão falando sobre você. De repente alguém faz um anúncio público: "Ela desenha muito bem!" ou "Vocês têm que ouvir os poemas dessa menina!". Você congela. Alguém te pede pra mostrar seus trabalhos. Pânico. Você mostra com a maior infelicidade do mundo e passa os próximos dias querendo jogar tudo fora e questionando o que diabos você está fazendo com o seu tempo. 

Eu falo do que sei - não foram poucas as vezes que me vi em situações parecidas. Toda vez que isso acontece eu me sinto exposta, insegura, pega de surpresa. Qualquer habilidade que eu tinha parece sumir e a confiança no meu trabalho, que já não era das melhores, parece ficar menor ainda. As coisas não deveriam ser assim. Se a arte é uma forma voluntária de expressão criativa, ela deveria trazer coisas boas ou pelo menos colocar pra fora tudo de ruim que nos incomoda.

Como é que a gente faz pra lidar com toda essa insegurança em relação à nossa arte, então? Essa postagem vai ser feita em forma de manifesto na esperança de que não só você, mas eu também, tenhamos um lugar de escape e conforto para recorrer cada vez que bater aquela vergonha de compartilhar algo que criamos.

O artista que acredita em si

Eu sou o artista e quem define o que fazer com a minha própria arte sou eu. Se eu quiser compartilhá-la com o mundo, eu posso. Se eu quiser usá-la de forma introspectiva, eu posso. Não é função de nenhuma outra pessoa além de mim escolher como, quando ou por que eu faço ou compartilho minhas criações.

A minha arte pode possuir qualquer sentido ou sentido nenhum. Posso usá-la para compartilhar meus sentimentos, retratar algo que me move, escapar da realidade, protestar ou criar experiências - esses são objetivos válidos. Receber aprovação de alguém não é um objetivo válido. 

A minha arte não deve ser comparada com o trabalho de outras pessoas. Cada artista está em um ponto diferente de uma jornada pessoal. Eu estou fazendo as coisas no meu tempo e dentro das minhas habilidades e isso é tudo que posso fazer agora. O meu caminho também vai me levar à evolução, independente do meu ritmo. 

Eu não me desculpo pelas minhas obras ao mostrá-las para alguém. Eu vejo defeitos, como todo criador vê, mas eu não os aponto imediatamente para ninguém. Eu dou uma chance justa para que a outra pessoa ative as experiências pessoais dela e sinta qualquer coisa que queira sentir. Eu ouço o que ela tem a dizer - e é estando aberto à sua opinião que dou mais um passo no caminho da evolução. 

Eu mantenho em mente que a reação que os outros têm em relação à minha obra não podem definir ou alterar o modo como eu me sinto sobre ela. A minha obra é minha e eu a criei com um propósito antes de mostrá-la ao mundo. Independente das reações, minha obra ainda começa e termina em mim. 

Eu não vou desistir, mesmo quando me sinto desmotivado. Eu posso e devo tirar intervalos para refletir e respirar mas eu não vou desistir. Vou continuar aprendendo e praticando independente do meu nível de habilidade, sempre mantendo em mente que qualquer coisa que crio com as minhas próprias mãos possui a mais pura forma de magia. 

Vamos falar mais?  

Essa conversa não termina aqui. Nesse vídeo eu falei um pouco mais sobre a importância de acreditar no seu próprio trabalho. A Fe também fez um vídeo fazendo quase que uma terapia coletiva pra mostrar que nos perrengues artísticos estamos todos juntos. E a seção de comentários está mais do que aberta para receber o que você quiser compartilhar com a gente. Se você tem uma conta no instagram para publicar sua arte, que tal deixar o usuário pra gente apreciar o trabalho uns dos outros também? 

Enquanto podemos, seguimos criando. 

Com amor, 
Re


6 comentários


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  • Triz Aniceto

    Essa é a primeira vez que que eu entro no site.
    Quando li o título desse texto comecei a chorar sem nem me dar conta… Parece que foi escrito pra mim, senti como se alguém tivesse exposto o grande dilema da minha vida sem nem me conhecer. Eu tenho 19 anos e faço arte desde que eu existo. Sempre cantei, mas morro de vergonha de cantar em publico; danço desde antes de começar a andar, mas travo quando o momento de mostrar chega; aprendi a tocar instrumentos sozinha, mas nunca toquei pra ninguém; fotografo, mas só posto as fotos numa conta privada a qual só eu tenho acesso; desenho e pinto, mas guardo todas as minhas telas no armário e as folhas numa pasta escondida no fundo da gaveta…
    A gente aprende desde muito cedo essa ideia erada de que arte é pra ser bonita e agradar, e acaba passando uma vida toda com medo se denominar “artista” pela possibilidade de não cumprir esses requisitos… E nesse vai e vem o verdadeiro significado acaba se perdendo.
    Desconstruir essa ideia é muito difícil, mas eu to cansada de me reprimir e me limitar por conta de uma vergonha sem propósito algum.
    Muito obrigada Re, por me mostrar que não to sozinha e me ajudar a criar coragem pra romper essa barreira. E obrigada Fe e equipe por esse projeto lindo que é o Femingos.
    Vocês não tem noção de quanta inspiração estão espalhando por aí <3


  • Isabella Ferreira

    Eu comecei desenhando faz pouco tempo, tenho apenas 15 anos.
    Às vezes me pego mostrando meus desenhos para ver as reações das pessoas pra eu me sentir mais segura sobre meus desenhos e acaba que isso não acontece. As pessoas podem até elogiar mas sinto que aquilo não ta legal e basicamente esqueço o que eu sentia quando fiz o desenho.
    Ultimamente tenho desenhado pouco por falta de tempo, tenho bastante tarefas pra fazer e quando sobra tempo acabo me distraindo conversando com alguém, mas sinto que desenhar me faz falta e que é justamente onde eu expresso minha alma.


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